O impacto das alterações climáticas nas infraestruturas

O impacto das alterações climáticas nas infraestruturas

Desde o início dos tempos, as mudanças climáticas foram um dos principais fatores da evolução do planeta; os altos e baixos que o globo terrestre enfrentou, trouxe-nos a condição atual da existência da humanidade, e, de tempos a tempos, acompanhamos todas as evoluções da humanidade e o seu desenvolvimento como sociedade até os dias atuais. As alterações climáticas são a principal ameaça ao nosso planeta, com graves consequências para o futuro da sociedade, do ponto de vista social, ecónomico e ambiental.

As infraestruturas têm um papel fundamental no desenvolvimento da sociedade, e ao longo dos anos foram-se modernizando de acordo com as novas tecnologias, os novos conceitos e estudos, a fim de melhorar e otimizar cada vez mais a vida social das pessoas. Hoje as infraestruturas podem ser divididas em diversas categorias, sendo as principais:

Infraestrutura Social ou Urbana: tem como objetivo atender de forma direta às residências, aos edifícios, e principalmente à população, suprindo necessidades básicas e promovendo a limpeza ambiental mediante a gestão e os tratamentos adequados de resíduos e dejetos urbanos. Nesta categoria podemos incluir:

- Saneamento básico, que compreende o fornecimento de água potável, coleta de lixo, tratamento de água e esgotos;

- Habitação;

- Transporte urbano;

- Fornecimento de energia elétrica.

Infraestrutura económica: esta categoria corresponde à base estrutural física onde se desenvolvem as atividades económicas de um determinado lugar. Além disto, a infraestrutura económica fornece serviços que são fundamentais para a produção industrial e agrícola, incluindo atividades do setor logístico, de distribuição e comercialização de mercadorias. Nesta categoria podemos incluir:

- Redes de transporte (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos);

- Geração e fornecimento de energia elétrica;

- Telecomunicações.

Desde o seu surgimento, as infraestruturas enfrentam problemas que são causados por fatores internos e externos:

Fatores Internos: estão relacionados às ações da sociedade em si, como a falta de manutenção periódica, ao mau uso e negligência por parte dos responsáveis (materiais de baixa qualidade ou inadequados, instalação feita de maneira incorreta, entre outras questões). Aqui inclui-se ainda a ausência de estruturas físicas, a incompatibilidade da procura por serviços ou mecanismos técnicos.

Fatores Externos: relacionam-se com os efeitos das alterações climáticas, que atualmente já causam impactos extremamentes consideráveis nas infraestruturas.

As alterações climáticas afetam hoje de forma bastante agressiva os materiais que compõem as infraestruturas, principalmente as camadas de desgaste de rodovias, obras de arte especiais, tais como pontes, pontões e canais de drenagem em betão, e componentes de via ferroviária. Estes impactos tendem a causar inúmeros tipos de patologias, causando assim a “fadiga” dos materiais que compõem a via, o solo e respetivos dispositivos.

O resultado causado pelas mudanças climáticas é percetível devido à alteração dos períodos chuvosos e secos que, com o passar dos anos, tenderam a tornar-se mais intensos num menor espaço de tempo quando falamos de chuva, aumentando a vazão e com isso gerando uma maior tendência para causar enchentes, e, consequentemente, provocando a degradação dos materiais de composição de todos os dispositivos da via.

Já o resultado causado pelos grandes e intensos períodos de seca afetam diretamente as camadas de solo e camadas de desgaste. Além dos efeitos diretos do sol, os incêndios também têm impacto nas patologias geradas ao longo das vias — fissuras e fendilhamentos são as mais comuns patologias associadas a este efeito natural, e, se somado ao uso das vias, podem surgir novas patologias que são conhecidas como covas, peladas e pele de crocodilo (que é um estágio avançado dos fendilhamentos).

Existem diversas tecnologias inovadoras criadas para combater as mudanças climáticas, desde medidas como materiais menos agressivos ao meio ambiente, descarte correto e reciclagem de resíduos sólidos provenientes das obras, camadas de desgaste com uma porcentagem maior de agregados recicláveis e com queima moderada, como também medidas preventivas de consciencialização contra incêndios em zonas florestais. Ambas as metodologias ajudam no combate e controlo das emissões de gás carbono, mas nós temos um papel fundamental de sempre nos consciencializar e procurar novas formas de combater os danos causados pelas mudanças climáticas, e tal como nós, a Infraestruturas de Portugal (IP) desempenha um papel importante na descarbonização deste setor a nível nacional. Consulte o Plano de Resiliência das Infraestruturas às Alterações Climáticas, clicando no link:.

“O clima está mudando mais rápido do que as ações para lidar com a questão.”

Barack Obama, ex presidente dos Estados Unidos da América.

 

 


Crislon S. Santos
Projetista
Estudos e Projetos