A importância de um correto balizamento das obras

A importância de um correto balizamento das obras

A vida é uma correria. Temos sempre muita coisa que fazer, muita coisa em que pensar; é casa, é família, é trabalho, são compras, contas, cão, gato e até o piriquito.

É muita coisa junta.

Saber a quantas andamos, o que temos de fazer e o que ainda falta fazer, quais as tarefas mais importantes, o que é inadiável, o que se pode fazer mais tarde, etc., é importante tanto na vida pessoal e social como na vida profissional.

Numa obra, saber em que ponto estão os trabalhos, o que já foi feito e o que ainda falta realizar é quanto mais importante quanto mais complexo for o projeto.

O balizameto correto de uma obra é de extrema importância, não só para a Entidade Executante, que tem de mover pessoas e meios, como também para o Dono da Obra, para saber se a mesma está a andar a bom ritmo ou não e saber se o prazo final da obra está para além do previsto ou até se termina antes deste. E o mais importante: a qualidade e as consequências monetárias.

É natural surgirem imprevistos no decorrer de uma obra. Estes podem ocorrer pelas mais variadas razões:

- Naturais, como questões climatéricas, natureza dos solos, nível freático, entre outros;
- Mão de obra, como falta de pessoal por doença, morte (coisa que nem queremos pensar em tal), mobilidade, e até local de alojamento (pois muitas vezes a mão de obra não é local);
- Equipamentos que avariam, que não correspondem ao pretendido, e que por vezes não são de fácil mobilização;
- Materiais que nem sempre se comportam como previsto, deixam de estar disponíveis, as quantidades são diferentes das previstas (se for a mais menos mal, mas se for a menos pode causar atrasos), atrasos na entrega, atrasos na fabricação, entre outros fatores.

Poderíamos citar muitas mais causas para atrasos, mas não é este o assunto em que nos estamos a debruçar.

Para minimizar os efeitos e consequências de todas estas alterações à progressão da obra, é de vital importância saber em cada momento o estado da obra, o que está previsto fazer, qual a sequência de trabalhos, quais os trabalhos fundamentais, os complementares, a sequência crítica dos trabalhos (ao que chamamos caminho crítico), o que pode ser adiado sem grandes consequências, o que não pode ser adiado (ou se o for irá ter implicações graves).

É fácil perdermo-nos, deixar-nos levar na corrente, o que nos leva a perder o controlo da empreitada.

Qualquer alteração ou imprevisto tem consequências no desenvolvimento da obra e perder o controlo não é o melhor para nenhum dos intervenientes.

Com um bom balizamento:

- Temos maior controlo do andamento da obra;
- Temos maior controlo dos recursos a usar;
- Temos maior controlo dos gastos financeiros;
- Podemos prevenir atrasos;
- Podemos melhorar a procura de soluções para recuperar dos atrasos;
- Sabemos sempre o que já foi feito;
- Sabemos sempre o que falta fazer;
- Controla-se o prazo final da empreitada;
- Controlam-se os custos inerentes à empreitada.

Ao fazermos o balizamento constante dos trabalhos podemos ir ajustando a sequência dos mesmos da melhor forma para minimizar as consequências.

Para o Empreiteiro, o correto balizamento tem como principais implicações:

- Saber quais os trabalhos a serem executados e as suas sequências;
- A previsão para a mobilização de mão de obra;
- A previsão para a mobilização de equipamentos de apoio;
- A aquisição de materiais e equipamentos para aplicação na obra.

O estudo dos trabalhos a serem executados e a sua sequência é importante para que não haja mobilização de mão de obra e equipamentos em excesso ou em escassez, bem como permite ter uma harmonia de meios, isto é, os meios necessários serem mais ou menos constantes ao longo da empreitada.

Todos estes fatores têm implicações monetárias e, como sabemos, ninguém está a trabalhar para perder dinheiro, pelo que é de extrema importância avaliar todos os fatores para evitar prejuízos.

Para o Dono de Obra o correto balizamento dos trabalhos tem como principais implicações:

- O prazo de execução;
- Os valores a pagar.

Na ótica do Dono de Obra, o que ele quer é que a empreitada se faça dentro do prazo previsto (e se acabar antes, melhor) e que não existam surpresas no valor final da mesma — ninguém gosta de pagar mais do que previa.

Para quem acompanha a obra (em especial para quem fiscaliza), saber o que se vai fazer, a sua sequência, o que está atrasado e o que está adiantado é de vital importância para poder preparar os trabalhos, para poder informar o Dono de Obra da correta evolução dos trabalhos e suas consequências. É também importante para poder conversar com o Empreiteiro e definir com este as melhores soluções para resolver os imprevistos, causando o menor impacto possível na empreitada.

Em suma, um correto balizamento de uma obra é benéfico para todos os intervenientes, controlando o seu andamento e evitando surpresas.

 

Isabel Trigo
Eng.ª Civil
Diretora de Fiscalização