Ergonomia no posto de trabalho

Ergonomia no posto de trabalho

A Ergonomia enquanto ciência possui um pouco mais de meio século de existência (1949), tendo a sua origem em Inglaterra. A sua recente história é desconhecida por boa parte das pessoas (senso comum), trazendo muitas vezes o desconhecimento da sua importância para o âmbito de trabalho.  Na Europa, as abordagens ergonómicas a respeito do trabalho são antigas, mas devem-se aos ingleses a sua origem, tanto do conceito quanto do conteúdo e forma de abordagem, caracterizando-se como uma disciplina autónoma.

Apesar do conceito já ser aplicado, o termo só foi utilizado pela primeira vez no ano de 1857, por um cientista polonês, Wojciech Jarstembowsky. “Ensaios de ergonomia, ou ciência do trabalho, baseada nas leis objetivas da ciência sobre a natureza”, esta foi a primeira definição estabelecia de ergonomia como uma ciência do trabalho, que requer que entendamos a atividade humana em termos de esforço, pensamento, relacionamento e dedicação.

Em 1949, Kenneth Frank Hywel Murrell define ergonomia como “o estudo da relação entre o homem e o seu ambiente de trabalho”. Foram exatamente as inquietações e divergências na sua definição, que possibilitaram o surgimento e o crescimento da ergonomia, principalmente nas sociedades criadas em meados do século XX, destacando-se a Ergonomics Research Society, em Inglaterra, e a Societé d´Ergonomie de Langue Française, em França. Teve início durante a Segunda Grande Guerra com o objetivo de conseguir melhorias nas questões fisiológicas e mecânicas do ambiente de trabalho. Também começou a haver uma preocupação com o redimensionamento dos postos de trabalho e a adequação dos objetos às limitações do homem, tendo sido utilizada inicialmente no âmbito militar e em seguida no âmbito civil. Após a II Guerra Mundial, os conceitos da ergonomia serviram para melhorar as condições de trabalho e a produtividade dos trabalhadores em geral e rapidamente começou a ser difundida.

O conceito da ergonomia é a aplicação das ciências humanas e o ajustamento mútuo ideal entre o homem e o seu trabalho, cujos resultados se medem em termos de eficiência humana e o bem-estar no trabalho. É um conjunto de ciências e tecnologias que procura o ajuste confortável e produtivo entre o ser humano e o seu trabalho. Basicamente, é o estudo das relações entre o homem e a sua ocupação, o equipamento e o ambiente em que decorre a sua atividade, e a aplicação de conhecimentos no domínio das ciências humanas como a anatomia, a fisiologia, a biomecânica, a cinética e a psicossociologia para humanizar o trabalho de modo a transformar as tarefas mais fáceis, mais cómodas e mais seguras.

O trabalhador diariamente confronta-se, em contexto de trabalho, com elementos do meio físico, nomeadamente a iluminação, ambiente térmico, qualidade do ar, vibrações e ruído. A aplicação dos princípios ergonómicos visa otimizar a compatibilidade entre o homem, a máquina e o ambiente físico de trabalho, através do equilíbrio entre as condicionantes do trabalho e as características fisiológicas, percepto-motoras, anatómicas e cognitivas dos operadores humanos.

O conhecimento da fisiologia muscular determina o arranjo físico do posto de trabalho que pode mitigar o gasto energético e a fadiga física, produzida pela realização de uma tarefa que exija maior esforço muscular.

O conhecimento da antropometria consiste na medição e registo das dimensões do corpo humano, importantes para a conceção e o dimensionamento dos espaços dos postos de trabalho. Com as bases de dados antropométricas, conceitos e metodologias que contribuem para o processo de design da interface de modo a facilitar e melhorar as condições do ambiente de trabalho.

A prevenção da segurança no posto de trabalho deve-se à consciencialização na ação de formação e sensibilização dos colaboradores. Assentos de cadeira almofadada e com regulagem, movimentação de cargas e postura adequadas, evitando-se problemas lombares, e o uso do monitor posicionado cerca de 2 cm acima dos olhos e regulagem do brilho da tela para se evitar dores de cabeça e na vista, são formas de prevenção de doenças ocupacionais, que mitigam a exaustão, a fadiga e as lesões profissionais. É também interessante ressaltar que uma pequena diferença entre a distância do plano de trabalho e o assento pode ser suficiente para causar ou evitar dores na região cervical ou nos ombros.

A iluminação adequada deve assegurar um aspeto quantitativo e qualitativo exigido pelo ambiente de trabalho de forma a garantir o conforto visual, a segurança visual e o desempenho visual. Assim mantém-se a sensação de bem-estar, o alerta para os perigos e a capacidade de execução com precisão e rapidez, mesmo durante longos períodos.

As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) são doenças do trabalho, típicas da atividade intensa e repetitiva, provocadas pelo uso inadequado e excessivo do sistema que agrupa os ossos, nervos, músculos e tendões, que afeta principalmente os membros superiores, mão, punhos, braços e antebraços, ombros e coluna cervical. Sendo, por isso, importante variar esses movimentos. “DORT” significa Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, e ocorrem principalmente em ambientes onde são exigidas repetidas operações mecânicas e alterações da postura corporal.

O bem-estar do colaborar é fundamental, e um facto relevante é o aumento dos níveis da produtividade, a redução de erros e de stresse causado pelo movimento repetitivo e postura no ambiente de trabalho, diminuição de doenças laborais, e redução de custos, trazendo uma melhoria na qualidade de vida dos colaboradores.

A ergonomia utiliza métodos e técnicas científicas para observar o trabalho humano, que tem vindo a adaptar-se e a sofrer modificações ao longo dos anos, mediante as inovações técnicas, a tecnologia e o conhecimento científico da ergonomia.

Visto que o estudo de ergonomia se aplica às diversas áreas do conhecimento, tem-se verificado um aumento do número de estudiosos, no entanto ainda é necessário encontrar um meio de divulgação dos trabalhos que atinja um maior número de profissionais ligados a essa área de estudo, possibilitando tornar o conhecimento científico desenvolvido nesta área cada vez mais aplicado ao setor produtivo nacional.

 

Hélio Júnior

Engenheiro

Coordenador de Segurança em Obra – CSO

Coordenador Ambiental em Obra – CAO

Gestão e Fiscalização